A síndrome de burnout tem se tornado um tema cada vez mais discutido no ambiente de trabalho e na sociedade em geral. Segundo dados da International Stress Management Association (ISMA), 72% das pessoas ativas no mercado de trabalho brasileiro sofrem com estresse e 32% apresentam sintomas de burnout. O Brasil ocupa o segundo lugar no mundo com pessoas mais estressadas e ansiosas, perdendo apenas para o Japão.
A síndrome de burnout se tornou uma doença ocupacional reconhecida pela OMS no ano de 2022. Os sintomas ocorrem de forma física e mental, e hoje as pessoas que recebem o diagnóstico com a síndrome passam a ter os mesmos direitos trabalhistas relacionados a doenças e acidentes decorrentes do trabalho.
Os dados são alarmantes e levantam a necessidade emergencial de avaliações das condições de trabalho e a criação de ações para prevenir o aumento de casos.
No blog desta semana, iremos abordar o conceito de burnout, suas causas, a razão pela qual tem se tornado mais comum e as práticas que podem ser adotadas para preveni-lo.
O que é burnout?
A tradução da palavra burnout seria combustão total, ou queima até o extremo. O termo burnout foi utilizado pela primeira vez em 1974, na psicologia pelo médico americano Herbert J. Freudenberger, para falar sobre os casos de esgotamento sofrido pelos profissionais da saúde. Hoje o termo éusado para denominar o transtorno gerado pelo cansaço excessivo e exaustão relacionados ao trabalho.
O burnout é uma doença ocupacional, produto de estresse crônico decorrente das atividades realizadas no ambiente de trabalho. Em geral, a síndrome se manifesta em profissionais com sobrecarga de atividades, exigência, pressão elevadas e aumento de responsabilidades. Segundo a neuropsicóloga e mestre em psicanálise Tatyana Azevedo, o burnout é composto de três elementos principais: exaustão, ceticismo e ineficácia. Isso se reflete em comportamentos de irritabilidade, mudanças de humor, desmotivação, queda no desempenho e dificuldades de concentração.
Para identificar casos de burnout é importante observar os seguintes sintomas:
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- Cansaço excessivo, mesmo após férias e períodos de descanso;
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- Dores de cabeça e fadiga muscular, geradas pelo acúmulo de estresse e preocupações;
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- Alteração nos batimentos cardíacos, que ficam acelerados por causa da ansiedade;
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- Mudança de apetite e do padrão de sono, visto que se tornam irregulares e podem ir de um extremo a outro;
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- Falta de motivação e baixa produtividade, já que os profissionais passam a ter dificuldade de foco e adotam um sentimento de afastamento do trabalho.
Os sintomas se assemelham aos da ansiedade e depressão, o que pode atrapalhar na identificação correta da doença.
Por que o burnout tem se tronado cada vez mais comum?
No ano de 1999, o Ministério da Saúde incluiu a síndrome de burnout na lista de doenças relacionadas a transtornos mentais e comportamentais decorrentes do trabalho, como ritmo de trabalho penoso e outras atividades físicas e mentais relacionadas ao trabalho, desencadeadas por uma cultura de excesso que leva as pessoas ao limite na busca constante de reconhecimento por sua devoção ao trabalho.
De acordo com uma base estatística divulgada pela ISMA-BR, 92% das pessoas que desenvolvem a síndrome de burnout continuam trabalhando. Esse dado reforça ainda mais a necessidade de conscientização e ações de prevenção, para que não haja agravamento e, consequentemente, outros problemas de saúde.
Esse cenário parece ter se agravado ainda mais durante o período da pandemia, com 80% das pessoas do país se tornando mais ansiosas, segundo dados divulgados pela UFRGS.
Por ser uma questão de saúde, é fundamental se atentar às causas, sendo necessário o aumento da conscientização relacionado às doenças mentais.
Quais as principais causas?
As causas do burnout são diversas e podem variar de pessoa para pessoa. Entre elas, a pressão por resultados, a falta de controle sobre as tarefas e a ausência de suporte adequado são fatores que contribuem para o aumento dos casos.
Além do que já falamos, também é preciso ficar atento a outras possíveis causas:
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- Estresse elevado: estar constantemente exposto a situações estafantes, é uma das principais causas que levam ao esgotamento e desenvolvimento da síndrome de burnout.
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- Sobrecarga de trabalho: o excesso de tarefas e prazos apertados podem levar ao esgotamento físico e mental.
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- Tensão emocional: ao viver sempre no limite, seja na execução de tarefas ou nas relações de trabalho, o profissional se sente constantemente tenso, o que leva a outros sintomas.
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- Falta de alinhamento de expectativas: metas inatingíveis e pressão constante por resultados podem gerar frustração e desânimo, e isso vem da falta de alinhamento de expectativas da liderança.
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- Relações conflituosas no ambiente de trabalho: uma relação ruim com a liderança e os colegas, associada com muitas obrigações e medo de perder o emprego, são fatores que contribuem para o burnout.
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- Falta de reconhecimento: ausência de feedback positivo e valorização do trabalho realizado pode desmotivar o profissional.
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- Baixo equilíbrio com a vida pessoal: se o colaborador não tem tempo para a vida pessoal, isso pode afetar as relações interpessoais e causar ainda mais estresse e dificuldades.
Como prevenir a Síndrome de Burnout?
A prevenção do burnout envolve tanto ações individuais quanto organizacionais. O ponto principal é promover um ambiente de trabalho acolhedor, no qual todos se sintam à vontade para falar de suas frustrações e compartilhar dores.
Algumas práticas que podem ser adotadas incluem:
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- Campanhas de conscientização sobre o burnout, suas causas e como evitar, principalmente para lideranças;
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- Gerenciamento e equilíbrio da carga de trabalho, dividindo tarefas e responsabilidades entre o time e alinhando as expectativas de entrega;
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- Incentivo à prática de exercícios físicos, por meio de programas de bem-estar e respeito aos horários de trabalho, não marcando reuniões e deixando tempos livres;
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- Autonomia e controle: permitir que os funcionários tenham maior controle sobre suas atividades e decisões, de forma alinhada com a estratégia da empresa e da equipe;
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- Não estimule e atue para evitar jornadas de trabalho longas e exaustivas, mantendo o equilíbrio com a vida pessoal.
Ao incentivar a comunicação aberta, o respeito mútuo e a colaboração entre os times, a empresa cria um ambiente saudável e previne a síndrome de burnout e outros riscos psicossociais.
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